“Aqui somos tratados como bichos, pois estamos entregues literalmente às moscas”. O desabafo é do morador do povoado Alto das Flores, no município de Serrinha (a 173 km de Salvador), Armando Borges, sobre o lixão que fica situado a alguns metros de sua residência.
No local, o que se vê são moscas e vários outros insetos, dificultando até o momento da alimentação. Micoses e verminoses são comuns em adultos e crianças que sofrem com o mau cheiro. “Não existe nenhum tipo de tratamento para o lixo. Simplesmente jogam aqui e vão embora. Nós é que ficamos com as conseqüências. Coloquei a minha casa à venda, pois não agüento mais esta situação”, reclamou Armando Borges.
Localizada a alguns metros do lixão, a Escola Municipal Cleon Pimentel, que durante o dia oferece educação infantil e fundamental e, à noite, ensino médio, é outra fonte de preocupação para os moradores. São duas salas de aula e uma cozinha, onde as merendeiras têm que ter “jogo de cintura” para que os insetos não entrem nas panelas. “Enquanto uma cozinha, a outra abana para que as moscas saiam de perto da comida”, revelou uma delas.
A vice-diretora da escola, Lorena Brito, diz que o fato de estarem perto do lixão traz alguns problemas que, segundo ela, demandam ações: “Toda semana dedetizamos a casa, para que os insetos diminuam, e ainda varremos e passamos pano com desinfetante e álcool no chão e carteiras sempre”, explicou. A disputa constante das crianças com as moscas mostra que o esforço feito não tem resolvido.
Inquérito – A promotora de meio ambiente de Serrinha, Núbia Rolim, instaurou inquérito civil para investigar a situação do lixão no município. Segundo ela, a ação faz parte do programa Desafio do Lixo, do Ministério Público (MP), que trata dos depósitos de resíduos sólidos.
O MP já instruiu o município, para que tome as medidas cabíveis e elaborou um termo de ajuste de conduta (TAC) com várias exigências, como cobrir o lixo, cercar a área e obter licenciamento ambiental do Ibama e CRA. A prefeitura não assinou, alegando falta de recursos.
“O que notamos até o momento é uma total falta de compromisso e descaso por parte da prefeitura”, afirmou a promotora. “Tivemos dois encontros para resolver a situação e nada foi feito, inclusive tentei um acordo para algumas medidas que não necessitam de alto custo. Mesmo assim, não foi aceito”. Núbia Rolim disse que, até o final deste mês, deverá ajuizar o uma ação civil pública.
Projeto – O secretário de Administração do município de Serrinha, Geminiano Almeida Cangussu, informou que a prefeitura, desde 2003, entregou um projeto para a construção de um aterro sanitário, que inclusive atenderia ao município vizinho de Teofilândia, para o Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder). Segundo ele, até o momento o órgão não respondeu.
“O projeto está parado desde 2003. Quando procuramos saber o andamento, eles dizem que não foi liberado o recurso, que está avaliado em cerca de R$ 3 milhões”, informou o engenheiro Fabrício Santana, um dos responsáveis pelo projeto. Sobre o TAC, o secretário disse que “não há como aceitar”, pois o município teria que gastar “algo próximo ao valor do projeto do aterro” e isto seria inviável: “Teríamos que cumprir as exigências em tempo predeterminado, o que daria quase o valor do projeto do aterro sanitário. Vamos aguardar a solução por parte da Conder para darmos uma resposta à população”. (M.A.)
Fonte - Jornal A Tarde
18/04/2008
Comentario Carlos Miranda
A Comunidade serrinhense precisa se mobilizar para melhorar as condições de saúde publica, é uma vergonha os últimos prefeitos foram médicos e nada fizeram para melhorar este seguimento e a atual prefeita em exercício é esposa de um medico quem patrocina a sua política, somente com a mobilização popular iremos melhorar a saúde do nosso povo, venho combatendo a muito tempo pois é uma vergonha para Serrinha, tem vários hospitais mais não tem um UTI e outros seguimentos da área, precisamos que o povo se conscientize e não espere por ações de maus governantes, já que eles estão apostos para as eleições de 2008, na qualidade de radialista e sindicalista os políticos não gostam dos meus comentários pois são sempre a favor do povo.
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